Mais um som
Da flauta doce
Atravessa o escuro caminho
Onde as máscaras estão suspensas.
Há muitos figos, podres,
Nas macieiras
E o povo come os bichos
Não porque estão no escuro
Mas porque têm fome.
Nas extremidades
Desse pequeno mundo quadrado
Tem alguns raios de sol
E multidões de pessoas
Aglomeradas nos cantos.
Um esqueleto enorme
Com um pouco de carne sobre os ossos
Passeia livremente
Devorando os cegos que batem uns nos outros.
O som da flauta doce
Toca misticamente
E atormenta ainda mais
Os povos dos quatro cantos.
Povos dos cantos, que vão caindo
No lago de fogo
Onde o quadrado mundo bóia
E somente alguns dançam ao som da flauta.
A lua passa por cima do sol
E as nuvens contorcem-se
Cinzas e vermelhas
Disparando raios fulminantes.
A história acaba daqui a pouco
Quem tem tempo, que entenda
Ela nunca vai mudar
Até ela terminar.